sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ano novo, vida nova, blog novo

Coisas inovadoras estão quase sempre relacionadas a rupturas. A concepção heliocêntrica do Universo, a teoria evolucionista de Darwin, o movimento feminista do século XX, tudo isso rompeu com um conjunto já existente de crenças e práticas. Não há como discordar disso. Eu, no entanto, não sei direito por quê, mas desde sempre, ou, pelo menos, desde que me lembro, tendo a encarar inovações como sínteses.

Galileu não teria gritado aos quatro ventos que a Terra girava em torno do Sol se não tivesse tomado conhecimento do trabalho de Copérnico; Darwin não se dedicaria a estudar as semelhanças e diferenças entre animais e seus habitats se não tivesse lido Lamarck; Carol Hanisch não iria às ruas berrar que "o pessoal é político" se Margaret Sanger não tivesse chamado a atenção pras mulheres enquanto indivíduos próprios um século antes. Em outras palavras: entendo as inovações como produto de uma síntese de ideias já existentes ocorrida em um ambiente propenso a isso, sendo tal propensão do ambiente moldada justamente por essas ideias que virão a ser sintetizadas.

Mas e os precursores, aqueles que "inventam" a coisa? Não consigo concordar com Hegel e sua ideia de "indivíduos histórico-mundiais", que realizam a Ideia do Espírito Absoluto no mundo. Penso que os anseios de tais indivíduos não podem ser visto como dissociados de sua época e de sua sociedade, assim como suas realizações, que não devem ser encaradas como manifestações de tal Espírito, levando a humanidade rumo à iluminação, mas, sim, como uma resposta às tensões, coletivas e individuais, de seu tempo.

Sei que não há nada de original em minhas ideias, e se escrevo chamando-as de minhas não é apenas por não ter aporte intelectual (leia-se "bibliográfico") o suficiente para embasá-las, mas por ter grande parte de minhas atitudes norteadas por elas. Não acredito em verdades absolutas, muito menos indivíduos absolutos. Tudo depende do referencial. E, apesar de não levar muito a sério essas coisas de "ano novo, vida nova", sou um advogado da incoerência e pretendo ter novos referenciais em minha vida a partir de agora. Estou a romper. E a sintetizar.

Como diz Fernanda Takai, "tudo é uma questão de manter a mente esperta, a espinha ereta e o coração tranquilo".

2 comentários:

  1. Interessante, texto que mostra o que é com suas crenças e ideais, onde somos os cursores dessa caminhada, ou dessa palheta como nós dizemos.


    Continue palhetando e rápido, pois o mundo nos obriga a fazer grandes e rápidas palhetas.

    Un Abrazzo di tu fratello.

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  2. Estaremos juntos palhetando virtualmente. Nos encontraremos nas esquinas da vida. Enquanto palhetas e andas, estarei nas esquinas parado e pensando. Andaremos e pararemos, sempre com a mente esperta e olhar de leão.

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